No último ano, muito ouviu-se falar sobre o virus Zika e as consequências sobre alterações do sistema nervoso dos bebês, incluindo a microcefalia. 
O vírus Zika é um flavivírus transmitido por mosquitos e foi, pela primeira vez, identificado em macacos, no Uganda, em 1947, através de uma rede que monitorizava a febre amarela. O primeiro grande surto da doença causado pela infecção por Zika foi notificada na ilha de Yap (Estados Federados da Micronésia), em 2007. Em Julho de 2015, o Brasil notificou os primeiros casos de infecção pelo vírus e uma epidemia de bebês nascidos com microcefalia no nordeste.
A transmissão ocorre através da picada de um mosquito infectado do género Aedes, principalmente o Aedes aegypti. Os mosquitos Aedes picam, normalmente, durante o dia, sobretudo ao princípio da manhã e ao fim da tarde/princípio da noite, e preferência por climas quentes e úmidos, e por isso, é prevalente em regiões tropicais.
Este é o mesmo mosquito que transmite a dengue, a chikungunya e a febre amarela.
Também é possível que o vírus Zika seja transmitido por via sexual, como apontado em alguns trabalhos recentes. Outros modos de transmissão, tais como transfusões de sangue, urina e pela amamentação estão sendo investigados.
O período de incubação (o tempo decorrido desde a exposição até aos sintomas) da doença do vírus Zika não é claro, mas é provavelmente de alguns dias. Os sintomas são semelhantes aos de outras infecções por arbovírus, como a dengue, e incluem febre, erupções cutâneas, conjuntivite, dores nos músculos e nas articulações, mal-estar ou dor de cabeça. Estes sintomas são, normalmente, ligeiros e duram 2-7 dias.

O que sabemos até o momento é que o vírus tem alta afinidade pelo sistema nervoso, causando alterações anatônicas e fisiológicas para o bebê que está em formação no útero da mãe, como a microcefalia e atrasos no desenvolvimento intelectual e cognitivo de uma forma tardia nas crianças. A infecção por zika vírus pode prejudicar o feto em qualquer fase da gravidez, não apenas se a mãe adoecer nas primeiras semanas de gestação, como se imaginava inicialmente. É o que mostra pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz e da Universidade da Califórnia, publicada no site da revista científica “The New England Journal of Medicine”. Hoje, falamos muito mais do que microcefalia, mas em “Síndrome Congênita do Zika”.
Por outro lado, muitos casos em adultos foram associados à síndrome de Guillain-Barré. Esta síndrome cursa com paralisia progressiva dos membros inferiores, tronco e membros superiores, de gravidade variável.
As principais medidas preventivas estão focadas em melhorias no saneamento básico, com intuito de combater o mosquito, como:
- eliminar focos de água parada,
- limpeza e fechamento das caixas d´água,
- retirada e destino correto do lixo,
- uso de telas nas janelas de casa,
- uso de inseticidas,
- uso de repelentes.
As principais recomendações pela Sociedade de Dermatologia em relação ao uso de repelentes estão listadas na figura abaixo:

Para as gestantes, o acompanhamento nas consultas e exames de pré-natal são fundamentais para uma gravidez mais tranquila, pois há a oportunidade de realizar diagnósticos precoces.
Em caso de suspeita de infecção pelo Zika, deve-se imediatamente se dirigir ao hospital, posto ou clínica de saúde mais próximos. O diagnóstico é feito através da análise clínica e do exame sorológico de sangue. Com uma amostra de sangue é possível pesquisar anticorpos específicos que combatem o vírus no sangue. Através dessa técnica, chamada RT-PCR, também é possível identificar o vírus quando este está em estágios de contaminação precoce. Entretanto, os exames não estão disponiveis a toda população.
Novas pesquisas estão em andamanento. A cidade de Jundiaí é um dos 28 pólos de pesquisa sobre o vírus Zika no Estado de São Paulo, sendo responsável por investigar as formas de transmissão da doença em gestantes e bebês. Cerca de 500 gestantes farão parte da pesquisa que acontece no Hospital Universitário de Jundiaí (HU) e objetiva estudar a transmissão vertical (da gestante para bebê) do vírus Zika e as repercussões físicas e mentais, tanto no organismo materno como no das crianças que serão acompanhadas durante três anos em ambulatório especializado. Participam da pesquisa cerca de 120 pessoas, entre pesquisadores da área de Saúde e voluntários.
O estudo, com apoio da Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) é encabeçado pela Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), Universidade de São Paulo (USP), Centro Universitário Padre Anchieta (UniAnchieta), Centro Paulista de Medicina Fetal, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e Universidade de Campinas (UNICAMP).

Mas pra quem está tentando engravidar, o que fazer? Adiar os planos de gestação?
Vivemos um tempo difícil, cheio de perguntas, fontes e ansiedade para os casais que planejam uma gravidez. A infecção por zika vírus e as incertezas sobre o curso e sobre as consequências da infecção trouxeram medo e pavor para os casais que desejam filhos. Na verdade, acredita-se que essa doença continue prevalente por algum tempo e também não se sabe se ao longo dos anos ela pode se agravar ou não. Por outro lado, pacientes com dificuldade para engravidar ou com idade avançada não podem esperar pela maternidade. Assim, o aconselhamento com o médico especialista deve ser esclarecedor, sempre individualizando cada caso.
Converse com seu médico também!