HPV e câncer do colo do útero

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Os HPV (papilomavirus humano) são vírus transmitidos pela relação sexual, capazes de infectar a pele ou as mucosas.

Existem mais de 150 tipos diferentes de HPV, sendo que cerca de 40 tipos podem infectar o trato ano-genital, causando lesões benignas, como as verrugas genitais (chamadas crista de galo ou condiloma) e lesões malignas, devido ao seu potencial oncogênico, incluindo o câncer de colo do útero.

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Pelo menos 13 tipos de HPV são considerados oncogênicos, apresentando maior risco ou probabilidade de provocar infecções persistentes e estar associados a lesões precursoras do câncer. Dentre os HPV de alto risco oncogênico, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero. Já os HPV 6 e 11, encontrados em 90% dos condilomas genitais e papilomas laríngeos, são considerados não oncogênicos.

De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), anualmente, 5 mil mulheres morrem e outras 15 mil descobrem ter câncer de colo do útero no país, sendo 99,7% relacionado ao HPV. Um número alarmante e extremamente alto, não é?!

A maioria das infecções por HPV é assintomática ou inaparente e de caráter transitório, ou seja, regride espontaneamente. Tanto o homem quanto a mulher podem estar infectados pelo vírus sem apresentar sintomas. Quando não vemos lesões não é possível garantir que o HPV não está presente, mas apenas que não está produzindo doença.

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Estudos no mundo comprovam que 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas. Essa percentagem pode ser ainda maior em homens. Estima-se que entre 25% e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial esteja infectada pelo HPV. Porém, a maioria das infecções é transitória, sendo combatida espontaneamente pelo sistema imunológico.

Fazer o exame preventivo (de Papanicolaou ou citopatológico), pode-se detectar as lesões precursoras. Quando essas alterações que antecedem o câncer são identificadas e tratadas é possível prevenir a doença em 100% dos casos.

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A vacinação é defendida por várias entidades médicas – Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), Sociedade Brasileira de Imuizações, Sociedade Brasileira de Pediatria e Sociedade Brasileira de Infectologia. É recomendado a vacinação desde 2007 e finalmente em 2013, incluída no calendário do Ministério da Saúde.

As vacinas contra o HPV foram desenvolvidas a partir de 1993. O princípio dessas vacinas usam partículas semelhantes aos vírus, induzindo a resposta imunológica potente do organismo contra os principais tipos de vírus que causam tumor. Existem 3 tipos de vacina:

  1. Vacina Bivalente (Cervarix, Glaxosmithkline) confere imunidade aos virus 16 e 18.
  2. Vacina Quadrivalente (Gardasil, Merck & Co.) protege contra os tipos 16, 18, 6 e 11.
  3. Vacina Nonavalente (Gardasil 9), protege contra os tipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58, lançada no Brasil em março de 2023.

O Ministério da Saúde disponibiliza gratuitamente a vacina quadrivalente para meninos e meninas de 9 – 15 anos, dividido em duas doses com intervalo de 6 meses entre elas.

A Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia orienta que mulheres e homens entre 9 a 45 anos sejam vacinados, com a aplicação de 3 doses, porém  são realizadas somente em clínicas particulares e infelizmente com alto custo. O SUS só disponibiliza a vacinação para pacientes com alguma doença que comprometa a imunidade (imunodeprimidos).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2020 adotou uma estratégia global para eliminar o câncer de colo de útero em 10 anos.  A ação foi um grande marco, pois, pela primeira vez, 194 países, incluindo o Brasil, se comprometeram a adotar as medidas necessárias para alcançar o objetivo. Nessa estratégia, o primeiro dos três pilares exige a introdução da vacina HPV em todos os países e tem como meta atingir 90% de cobertura vacinal. Além da vacinação, melhorias nos programas de rastreio e diagnóstico das lesões precursoras com cobertura de 70% e tratamento das lesões precursoras e câncer em 90%. Segundo a OMS, a cobertura global com a dose final de HPV é agora estimada em 13%. Neste cenário, nenhuma intervenção isolada é suficiente para alcançar a eliminação viral e de suas lesões, mas a vacinação assume importância fundamental.

A redução significativa das taxas de prevalência de infecção e de câncer e lesões precursoras têm sido progressivamente demonstrada pelas nações que introduziram a vacinação contra o HPV nos programas de saúde pública. Países como Suécia, Finlândia, Dinamarca, Austrália,  Estados Unidos e Reino Unido publicaram resultados que demonstram significativa redução na detecção de lesões precursoras, intervenções cirúrgicas e câncer de colo de útero entre as mulheres vacinadas.

Ainda temos uma grande caminho a percorrer na melhoria da cobertura de vacinação em crianças e adolescentes, e ampliar a oferta de vacinação gratuita de mulheres e homens adultos.

Informe-se com seu médico, faça exames preventivos e cuide-se bem!

Fontes: INCA , Ministério da Saúde, Febrasgo 2023.

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